LADOS DA VIDA

É tão difícil entender que a vida tem dois lados!?

quinta-feira, abril 12, 2007

O Dia Que O Mundo Começou A Girar

Não pretendia andar tudo aquilo quando comecei a minha caminhada. Era uma manhã, sol suave, andava sem pensar, apenas andava. Uma brisa leve beijava o meu rosto, e por um momento cheguei a ter a impressão de liberdade. A sensação era maravilhosa, então eu continuava andar. Observava na rua pessoas, carros, prédios, lojas, casas... mas apenas observava, sem pensar. Como sempre, nunca estamos satisfeitos com tudo, e, não passado muito tempo, comecei a sentir falta de algumas coisas. Ouvir uma música era uma delas. Minha ânsia pela música era tão grande que já começava a perder o prazer na caminhada. O sol começava também a aquecer um pouco mais o clima, o suor começava a escorrer por meu rosto e a fadiga ia tomando o lugar da minha disposição para continuar a andar.
Foi então que vi uma placa daquelas que indicam um ponto de ônibus. Pensava em esperar e pegar o próximo, mas a idéia não me agradava muito, até ver que no ponto tinha um “tiozinho” com um daqueles carrinhos de pipoca que vende de tudo: balas, chicletes, pururucas, vale transporte e até água mineral. Então decidi ficar, esperar o ônibus e comprar a água com alguns trocados que ainda me restava. Bebida a água, saciada a sede, chega o ônibus, entro, sento e me acomodo. Tudo parecia ótimo, quando dá uma vontade desesperada de ler um livro, um poema, uma crônica... Enfim, isso agora me afligia, desejava chegar logo em algum canto onde pudesse saciar o meu desejo. Foi quando lembrei-me que a três pontos antes do meu destino, havia uma pequena livraria-biblioteca, onde eu poderia encontrar algo para ler e, desci lá. Passada algumas horas de muita leitura, precisava agora de um amigo para compartilhar alguns pensamentos sobre a vida, as leituras, novos conhecimentos.
Na volta para casa, bastante distraído, pensando e tentando relevar alguns enigmas dessa vida, fui apanhado em cheio por uma bicicleta ao atravessar a rua. Ao cair, meu peito bateu com bastante força sobre o guidão da bicicleta e a dor, para surgir, só demorou o tempo suficiente para que eu pudesse olhar para o meu atropelador e ver que era um amigo. Ele me ajudou a levantar e preocupou-se em me acompanhar até a minha casa. Aproveitamos para conversar, principalmente sobre os assuntos que eu tanto queria conversar com alguém. A dor no peito ia aumentando gradativamente. Ao chegar em minha casa, ficamos conversando na porta até o anoitecer, quando ele foi embora. O tempo começava a esfriar bastante, tomei um banho quente e após o banho meu peito doía ainda mais, pois juntava a dor fria com o frio.
Não acomodado com o frio, fui para o meu quarto, deitei em minha cama e me agasalhei bastante. Demorou algum tempo até que o edredom pudesse me aquecer, mas agora a sensação era perfeita, eu estava aquecido em meio a tanto frio. Debaixo do edredom tudo era oposto à frieza que pairava lá fora. Foi então que senti aquela vontade incontrolável de ouvir uma música. Mas agora eu podia, e sem me esforçar muito, pude ligar o som e ouvir aquela música linda, suave... até o sono chegar, dormir e Sonhar.
Assim acabou o dia em que aprendi a viver uma vida mais leve, o dia que descobri que a felicidade está escondida entre a complexidade das nossas insatisfações, dia em que aprendi que a minha vida dura exatamente vinte e quatro horas... o dia que o mundo começou a girar.
E para o dia seguinte, apenas “amanhecer brilhando mais forte” e viver o meu próximo dia, a minha próxima vida.


Por Junior Ferro