O Dia Que O Mundo Começou A Girar

Foi então que vi uma placa daquelas que indicam um ponto de ônibus. Pensava em esperar e pegar o próximo, mas a idéia não me agradava muito, até ver que no ponto tinha um “tiozinho” com um daqueles carrinhos de pipoca que vende de tudo: balas, chicletes, pururucas, vale transporte e até água mineral. Então decidi ficar, esperar o ônibus e comprar a água com alguns trocados que ainda me restava. Bebida a água, saciada a sede, chega o ônibus, entro, sento e me acomodo. Tudo parecia ótimo, quando dá uma vontade desesperada de ler um livro, um poema, uma crônica... Enfim, isso agora me afligia, desejava chegar logo em algum canto onde pudesse saciar o meu desejo. Foi quando lembrei-me que a três pontos antes do meu destino, havia uma pequena livraria-biblioteca, onde eu poderia encontrar algo para ler e, desci lá. Passada algumas horas de muita leitura, precisava agora de um amigo para compartilhar alguns pensamentos sobre a vida, as leituras, novos conhecimentos.
Na volta para casa, bastante distraído, pensando e tentando relevar alguns enigmas dessa vida, fui apanhado em cheio por uma bicicleta ao atravessar a rua. Ao cair, meu peito bateu com bastante força sobre o guidão da bicicleta e a dor, para surgir, só demorou o tempo suficiente para que eu pudesse olhar para o meu atropelador e ver que era um amigo. Ele me ajudou a levantar e preocupou-se em me acompanhar até a minha casa. Aproveitamos para conversar, principalmente sobre os assuntos que eu tanto queria conversar com alguém. A dor no peito ia aumentando gradativamente. Ao chegar em minha casa, ficamos conversando na porta até o anoitecer, quando ele foi embora. O tempo começava a esfriar bastante, tomei um banho quente e após o banho meu peito doía ainda mais, pois juntava a dor fria com o frio.
Não acomodado com o frio, fui para o meu quarto, deitei em minha cama e me agasalhei bastante. Demorou algum tempo até que o edredom pudesse me aquecer, mas agora a sensação era perfeita, eu estava aquecido em meio a tanto frio. Debaixo do edredom tudo era oposto à frieza que pairava lá fora. Foi então que senti aquela vontade incontrolável de ouvir uma música. Mas agora eu podia, e sem me esforçar muito, pude ligar o som e ouvir aquela música linda, suave... até o sono chegar, dormir e Sonhar.
Assim acabou o dia em que aprendi a viver uma vida mais leve, o dia que descobri que a felicidade está escondida entre a complexidade das nossas insatisfações, dia em que aprendi que a minha vida dura exatamente vinte e quatro horas... o dia que o mundo começou a girar.
E para o dia seguinte, apenas “amanhecer brilhando mais forte” e viver o meu próximo dia, a minha próxima vida.
Por Junior Ferro